Não é todo dia que os
problemas não resolvidos e as faltas que ainda sinto são sobrepujados pelas
alegrias do dia a dia. Não é todo dia que a gente consegue esconder a dor que
não se vai, que nunca some. Não é todo
dia que se consegue sorrir contra a vontade, mesmo com vontade de fingir estar
tudo bem.
Não é todo dia que o corpo aguenta tanta saudade, tanta
tristeza, tanta vontade de estar aonde não dá pra chegar, por agora. Não é todo
dia que a gente se contenta, que se conforma, que consegue esperar da melhor
forma. Não é todo dia que o copo transborda, que a dor se derrama para fora, e
deixa de ser invisível, mas ainda assim, é incompreensível para alguns.
Pois não é todo dia que a gente se sente forte o
suficiente para falar de tudo que dói por dentro e explicar o motivo de tanto
sofrimento, sem desabar, sem sentir a ferida se abrindo, o sangue se esvaindo e
o corpo convalescendo.
Não é todo dia que entendo, que aprendo, que sigo sem
lamento, sem chorar por dentro, sem chorar por fora, sem cair na depressão de
um momento que parece eterno, preso num infortúnio que às vezes me foge ao
controle do meu controle, que me toma a paz e me arrebata o sossego.
Não é todo dia que não sinto medo, que tenho mais fé que
raiva, que sinto mais gratidão que tristeza. Não é todo dia que percebo a
beleza de um novo dia, que sinto nas flores o cheiro da alegria, que olho o mar
e me acalmo sem me preocupar com tudo que ainda falta se ajeitar.
Não, não é todo dia que sinto Deus por perto, mas tenho
certeza que Ele está. Pois não é todo dia que a vida é tão difícil, e esses dias valem mais
que todos os outros e fazem valer a pena o esforço, a calma, a espera, a luta.
Não é todo dia que resisto, que ganho ou insisto, mas
cada dia que vivo é mais um dia que venço.
Autor: Edinei Lisboa da Silva - Argonauta021