Eu já sonhei muitos sonhos, vivi muitas vidas, dormi no relento e morri na labuta. Já corri, fui covarde, mas também enfrentei muitas lutas. E até hoje, às vezes, torno a correr, a sonhar, a lutar... os mesmos sonhos, os mesmos medos, mas vidas diferentes. Lutas, pessoas e perspectivas diferentes.
Eu já pensei ter alcançado o meu limite, pensei que dali não conseguiria ir mais adiante. Eu já pensei em morrer, desejei a morte para outros, odiei, amei, perdi e chorei, parti e voltei. Eu já me entreguei e também cuidei, fiz o que achava certo e mesmo assim eu errei.
Eu já calei, gritei, bati e apanhei, me vangloriei e também me humilhei. Eu fui feliz, triste, voei longe e já tive que voltar a pé. Eu já caminhei até cansar, e, na volta eu também tive que caminhar. Eu busquei coisas difíceis de alcançar e alcancei coisas difíceis de deixar, eu conquistei coisas difíceis de manter e mantive outras que não podiam ficar.
Eu viajei para fugir de uma paixão, eu voltei e ela ainda estava lá. Eu comprei o que não podia pagar e pago, até hoje, um alto preço por isso. Eu subestimei pessoas, inverti valores, troquei moedas por flores, amigos por amores, sorrisos por dores, castigos por carinhos e ainda assim eu não lucrei.
Eu trabalhei na roça, no front, no escritório, na oficina, na rua, em todo lugar. Eu trabalho pra caramba e não posso me dar ao luxo de parar. Meu suor é meu ganha-pão e dos que tenho que alimentar.
Eu cresci e não foi de repente, tive que cair fundo muitas vezes, para aprender a olhar para cima e ser mais humilde.
Um tanto de tudo que eu fui que fiz e deixei de fazer, ainda faz um tanto do que sou que farei e ainda serei.
Eu sou um pouco de todo mundo. Eu sou um pouco do mundo todo, fragmentos do meu mundo, de cada um que passou, que ficou, visitou, invadiu, tomou, feriu, cativou e partiu. Eu sou um pouco de mim, um pouco de tudo que me restou.
#poesiaprosaecanção
Autor: Edinei Lisboa / Argonauta021
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