Foi num dia com sol, quando a chuva caiu de repente, que me veio à memória a lembrança de uma época diferente. Quando eu corria na chuva, e chorava porque meu irmão ia arrancar o meu mole dente.
Foi num dia de chuva que eu e minha irmã e meu irmão comíamos farinha com açúcar, que procurávamos onde nossa mãe havia escondido o leite.
Foi num dia com sol que lembrei de meu pai à beira da praia gritando para que eu não fosse mais fundo. A água batia na minha cintura, enquanto meu irmão e minha irmã, lá no fundo, brincavam com a água até o pescoço.
Foi num dia nublado que brinquei no quintal com minha prima-irmã. Corridas de carro (sem carro), polícia e ladrão (sem crime). Depois minha mãe vinha e ameaçava nos dar uma surra com o galho do limoeiro:
“pode parar com essa danação aí seus moleques, muito riso é sinal de choro!” . Mamãe dizia.
Foi num dia com sol que eu, criança emburrada, dizia: “vou-me embora!”. Andava até a esquina e voltava, às vezes meu irmão me buscava.
A gente se divertia. A vida não era fácil, nunca foi, nem será. Mas a gente, em família, vivia. Era como devia ser.
Saudosas lembranças da infância em família.
Autor: Edinei Lisboa da Silva / Argonauta021
#poesiaprosaecançao
Imagem: meu arquivo pessoal
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