Num dia eu penso dar conta
Noutro a conta é alta demais
Num dia a vida me apronta
Noutro dou um passo para trás
No começo a gente acredita dar conta
Mas o tempo passa
E a gente se dá conta de que não aquenta mais
O limite está sempre a beira do próximo passo
Ao passo que dar mais um passo
Seria ir longe demais
A vida vem sem gentilezas,
Das pessoas, o que esperar?
Dos sonhos e das riquezas
O que se guarda é o que se pode levar
E onde se guarda o respeito?
E como se leva um lar?
E as dores que eu guardo no peito
E os amores, as flores, e a minha natureza?
Não dá pra dizer que dá conta
De um peso que nunca ousou carregar
Nem dá pra negar a afronta
Da vida, do mundo, das coisas no ar.
Na ordem natural das coisas
Não é natural se conter
Não é natural fugir
Quando a conta é alta demais
Quando o fardo é pesado demais
Quando o limite é atingido
É aí que a gente descobre,
Ao sentir o coração ainda a pulsar,
Que aguenta, porque a vida não acabou
Que carrega algumas coisas sem valor
Pesadas e inúteis como ódio, remorso, mágoa e rancor,
A gente descobre que o limite é além de onde se pode chegar.
Autor: Edinei Lisboa/Argonauta021
Imagem: google
Parabéns pelo texto, Argonauta.
ResponderExcluirQuando eu penso que o ser humano chega ao seu limite de criatividade, surge você com essas lindas palavras.
Grande abraço e felicidades missão.