Sentir

 Sentir torna tudo mais real

A dor, o amor, o bem, o mal...

Sentir torna tudo possível

O improvável, o inviável, o impossível...

 

Se sinto, sinto muito

Se sinto, sinto-me vivo

Se sinto, sofro, gozo, morro

 

Sentir é fardo e bênção

É sangrar sem sangrar

É viver a emoção

 

Sentir é o que me resta

É o que me testa

É o que me falta

É o que me traz de volta.

 

(Edinei Lisboa)

No outro

Num dia eu sinto saudade

No outro, sinto vontades

Noutro, sem criatividade

E noutro, uma atividade irregular

Num dia eu volto pensando

No outro, paro para pensar

Noutro sigo caminhando

E noutro, só fico a esperar

Tem dias que sou o erro

E noutros, sou eu a errar

No outro sou o enterro

E noutro, sou eu a cavar

Num dia eu sinto tudo

Tudo em cada lugar

No outro eu sinto muito

E no outro, tudo que restar.

(Edinei Lisboa)

Sê gente

Nem sempre é como se deve ser

As coisas tortas da vida...

A linha reta logo se finda

Logo encontra um obstáculo

E precisa se curvar para continuar

Ou fica, finda, morre.

O que é inflexível logo quebra

Se é flexível demais não sustenta.

Sê forte, mas não bruto.

Sê gentil, mas não bobo.

Sê confiante, mas não ingênuo.

Sê corajoso, mas não imprudente.

Sê gente.

Gente de bem.

Nem sempre a gente consegue o que quer,

Mas acaba recebendo o que realmente precisa.

O conforto é uma armadilha e uma benção

E quando é uma coisa não é outra.

Quem vive também sofre

E quem sofre também pode ser feliz

Mesmo sofrendo, vivendo, há felicidade

Um pouco aqui, um pouco ali...

Alegrias e tristezas hão de existir.

Quem segue caminho não segue sem se despedir

Sem deixar e levar algo por onde passar

Um pouco de si, um pouco daqui

Do que ficou e do que há de vir.

Autor: Edinei Lisboa 

Imagem: Daqui

Ainda

 

Credo que mata

Incrédulo que vê

Santo que rouba

Ladrão que doa

Bruto que chora

Bom senso que ri

Vento que para

Momento sem fim

Força que falha

Fraqueza que luta

Perda que vence

Livre conduta

Verso que finda

Palavra não dita

Ainda.

 

Autor: Edinei Lisboa 

Imagem: daqui

Triste é se sentir só

Era cedo. O Céu parecia triste. O Sol atrasou o quanto pôde o seu nascer, se escondeu nas nuvens densas, esperou que o Céu sentisse o afago do seu raiar, sutil e leve como a brisa do Mar.

E o Mar também estava calmo. Em respeito a tristeza do amigo. As nuvens seguravam as lágrimas que o Céu guardava consigo.

 É triste se sentir só.

Uma tristeza, quando vem, a gente precisa sentir e deixar passar. Pois, se a gente tenta impedir, pior será quando transbordar.

Compadecidos, Sol e Mar faziam silêncio. Até o Vento passava devagar.

E ao sentir a presença dos amigos, solidários ao seu penar.

O Céu sorriu desajeitado. Não estava sozinho naquele lugar.

Autor: Edinei Lisboa

Imagem: Google

Vulcões

Se é por amor?!

              

               Ora! Não me venha com essa de amor. O amor não me parece uma forma de viver, e sim uma forma de morrer. O amor é uma religião que vivo, mas dela não sobrevivo.

                Aí você me pergunta se é amor!?

                Melhor desfazer essa falsa inocência e essa máscara de ingenuidade. O amor não paga as contas, não conserta a pia, não troca lâmpada, não mata a fome. O amor, meu amigo, é uma roupa bonita que se veste para passear. É aquela coisa invisível que faz você não matar certas pessoas, às vezes quando perde a calma. O amor é só a bússola. Ele não é o caminho e nem vai andar por você.

                Mas se quer mesmo saber se é por amor. Precisa antes de tudo, desmistificar o amor.

                O amor não se dá através do sexo e não é apenas um sentimento de um cônjuge para o outro. É de ser humano para ser humano. De ser vivente para ser vivente. De vivos para mortos. De mortos de para vivos. O amor não tem bandeira, cor, regra ou condição.

                Esse amor em que você acredita, meu amigo, é uma ilusão!

                O amor real é duro de aceitar, difícil de viver. É uma filosofia de vida mais difícil de seguir que a dos monges budistas.

                Esqueça essa utopia que você chama de amor.

                O amor é tão intrínseco que nem devia ser dito. Pois o amor, meu caro amigo, é um mistério, não dá para explicar como resiste, como existe, mas está sempre aí, feliz ou triste. Está oculto na dor, na morte... Expresso no afeto, no abraço...

                Em meio a tudo que o rejeita, o amor sempre está à espreita, mas não se engane. O amor é uma ideia, um verbo. Sempre existiu e sempre vai existir. Mas não vai fazer por você o que tem que fazer por si.

                Ainda quer saber se é por amor? Claro que sim!

Querer

Pedala parceiro

Pedala parceiro
Corre, mas não se apresse
Não perca as belezas do caminho.

Pedala parceiro
Segue, mas não se estresse
Sinta o vento girar os moinhos.

Pedala parceiro
Que a vida é passeio e prece
E passa, como passam os passarinhos.

Autor: Edinei Lisboa

Imagem: Edinei Lisboa

Figuras do ENEM - 2º Dia

     O Clima é mais ameno. As pessoas parecem até já se conhecer. Não há mais tanta gente nos portões antes de abrir e há quem chegue em cima da hora com a maior tranquilidade, pois sabia que daria tempo. A experiência do primeiro dia de prova trouxe à maioria dos candidatos uma certa confiança quanto ao horário e local do exame.

      E essa tranquilidade acaba bem por aí, pois agora é ciências da natureza e matemática. Para alguns a melhor parte, a hora de compensar os erros do primeiro dia de prova. Mas, enfim, vamos aos destaques desse segundo dia.

      É perceptível que muita gente que estava tensa no primeiro dia, agora estava mais de boa. O cara que veio engravatado no primeiro dia, dessa vez usava bermuda e camisa polo. A garota verão 2018, parecia vir de um clube num dia nublado. 

      Mas certas figuras não abriram mão do seu estilo inicial, o escoteiro ainda trazia sua mochila cheia e sua sacola carregada de doces e salgados e muita, muita água. A garota do Polo Norte trouxe um casaco maior e sentou-se no centro da sala onde o frio do ar condicionado é mais intenso.  

Os rituais foram os mesmos, o rapaz do havemetal estava lá, impassível. A contorcionista também estava flexível como nunca. Poucas surpresas para esse segundo dia de prova. Eu disse poucas? Ah, sim... teve algumas surpresas.

       Ví a garota, que se vestia como uma executiva e chegara uma hora antes no primeiro dia, entrar na sala já nos últimos minutos e parecendo que havia pulado da cama direto para aquele lugar com seu pijama de domingo, cara de sono e com um semblante preguiçoso.

     Já falei do engravatado que veio de bermuda e camisa polo dessa vez né. O cara saiu alguns minutos antes de começar para comprar uma caneta, por uma falta de sorte a sua havia parado de funcionar.

      Também vi a adolescente com seu visual de garota comportada no primeiro dia, sensualizar com seu look de balada ao luar no segundo dia.

      Éééé..., o ENEM tem dessas coisas. E a prova? Ah foi melhor do que eu esperava, mas ainda foi ruim para mim, afinal biologia e exatas não foram meus pontos fortes esse ano, nem em muitos anos anteriores. Mas enfim, há sempre mais para aprender e outras chances para aproveitar virão, certamente virão.

       Boa Sorte a todos! Que seja um aprendizado. Que seja mais um passo dado. Que seja melhor que o esperado!

Valeeew!

Autor: Edinei Lisboa
Imagem: https://educacao.uol.com.br/noticias/2018/11/11/provas-pediram-menos-calculos-biologia-e-quimica-foram-mais-dificeis.htm

Figuras do ENEM - 1º Dia

Faz tempo que não vejo tanta gente. O dia começou com aquela sensação de já estar atrasado. O horário de verão me roubou uma hora de sono, até aí tudo bem. Cheguei cedo, os portões da escola ainda nem estavam abertos e já havia uma fila imensa de gente esperando, e eu achando que tinha chegado cedo demais e que seria um dos primeiros ali, que nada.

E no meio daquele emaranhado de pessoas é difícil não notar as figuras ilustres que se destacam na multidão, não estou aqui com intenção de discriminar ninguém, por favor, respeito todo mundo. Mas qualquer um há de convir que numa fila de azul, um vermelho se destaca. É a partir desta ideia que pontuarei aqui algumas personalidades que me saltaram os olhos enquanto, distraído, esperava o momento de iniciar a prova.

Logo na fila a gente já encontra alguns destaques. Tem aquela pessoa que parece que veio acampar e por longos dias, além da mochila cheia, tem nas mãos uma sacola com todo tipo de guloseimas doces e salgadas e muita, muita água.

Não muito longe vejo uma personagem saída do S.O.S Malibu, shortinho curto, um top alaranjado, óculos de sol, chapéu de praia, sandália havaiana e bolsa colorida, sem dúvida a garota verão 2018.

O inverso também apareceu, a pessoa parecia vir do polo norte, calça jeans, camisa de mangas compridas, bota estilo militar e um casaco bem aconchegante para um dia de frio no Alasca.

Depois que os portões foram abertos ainda faltava uma hora para que o candidato tivesse que entrar definitivamente na sua sala de prova. Foi aí que vi alguns rituais de preparação dos mais comuns aos mais curiosos. Ao caminhar até a minha sala vi um jovem com fones nos ouvidos e quando passei mais perto dele pude perceber que o havemetal estava bem lá nas alturas, quase identifiquei o nome da banda, e ele impassível, concentração total. Mais adiante encontrei uma persona num banco da escola que parecia treinar para uma vaga de contorcionista no circo de solei, alongava braços, pescoço, pernas, cabeça se contorcendo de todo o jeito, alguns movimentos doeram em mim.

Já dentro da sala, tem também quem aproveite o tempo para repor o sono perdido, outro abre sua quentinha aproveita pra almoçar, um sai da sala de cinco em cinco minutos para ir ao banheiro, outro faz suas últimas orações antes do início da prova, há quem fique a vigiar a própria sombra, talvez num piscar de olhos ela o abandone.

Essa uma hora e meia que precede o início da prova parece eterna. Quase acabo todo meu estoque de biscoitos e barras de cereal, e olha que fiz um lanche antes de entrar. Desculpa, meu perfil nessa prova era do cara que se ficar de bobeira surge logo vontade de comer.

Figuras a parte, o momento para muitos é realmente tenso, muitos se põem a prova durante a prova do ENEM, e têm sonhos, objetivos que dependem do seu desempenho naquele momento. Não dá pra ignorar a importância, mesmo quem se preparou um bocado sente o peso das horas que passam voando depois que a prova começa.

Enfim, domingo que vem tem mais. A próxima fase é bem menos gentil para os amantes das letras, agora é vez da galera de exatas. Boa sorte a todos!

Autor: Edinei Lisboa
Imagem: o imparcial

Dona de casa? Eu?

             Dia trinta e um de outubro é o dia da Dona-de-casa. E não sei como será recebida esta homenagem pelas mulheres que fazem jus a este título, pois, no mundo em que vivemos, chamar uma mulher de dona-de-casa pode parecer machismo, preconceito ou até mesmo algo que sugira uma inferiorização da mulher, mas eu aqui, digo e falo por mim, com sinceridade, que parabenizo com muito louvor e admiração essas mulheres que, por vontade própria ou não, exercem esse papel tão fundamental na vida familiar. vocês são heroínas, heroínas, muitas vezes silenciosas e invisíveis que diuturnamente traz ordem e viabiliza a vida em uma estrutura familiar. Peço perdão à minha esposa por muitas vezes esquecer de expressar essa sua importância no nosso dia a dia. mas deixo aqui claro que toda dona-de-casa merece respeito, reconhecimento e muita consideração, por seus filhos, maridos, conjugues e pela sociedade em geral. PARABÉNS ÀS GUERREIRAS DO LAR, DA VIDA E DA FAMÍLIA!

Imagem: Fotolia. kubko

O amor também separa

Estado de espírito

Às vezes não sou o que quero
Sou apenas eu mesmo
Às vezes não sou o que preciso
Sou só o que consigo ser
Às vezes não sou tão feliz
Sou sério, chato, triste, ruim

Às vezes não sou tão bom assim
Sou só um pedaço de mim

Às vezes sou fraco, pequeno, mesquinho
Às vezes carrasco, herói, juiz, vilão e vinho
Às vezes sou padrasto, pai, passarinho
Tudo, nada e, às vezes, só um pouquinho

Às vezes pedra, água e coração
Às vezes prata, ouro e tostão
Nem sempre o pior ou melhor
Às vezes sou sou só mediano

Covarde, louco, insano
Ferida que arde, corte que sangra
Sujeira debaixo do pano
Às vezes sou só ser
humano.

(Edinei Lisboa)

Que tal?

Chega a ser engraçado às vezes olhar ao redor e ver tanta gente cheia de informações vazias e afirmações baseadas e algo que alguém falou. Acreditar cegamente em um discurso, uma palestra, uma homilia ou sermão, é ingenuidade demais a meu ver. Tudo precisa ser um pouco verificado, confirmado, através de fatos, estatísticas, depoimentos e/ou argumentos factíveis, táteis, visíveis, ou calculáveis e principalmente, esses argumentos precisam ser reais. A própria fé precisa de um fundamento.

O que se vê são muitas pessoas falando do que não conhecem, não estudaram tal assunto antes de abrir a boca aos quatro ventos achando que por ouvir dizer, já sabem de tudo que precisa saber, e pior, querem convencer você disso.

Por exemplo. Se vou falar da estrutura do shopping, primeiro devo me perguntar: - O que eu entendo sobre engenharia civil? Se minha resposta for: - Ah, eu entendo muito disso, trabalho na área e tenho muita experiência nesse assunto. Ok. Posso até arriscar dar opinião sobre, mas se a resposta for: - Não entendo nada de engenharia, não sei e nem vi como a estrutura foi construída. Bom, aí meu amigo, é melhor ficar calado, ou simplesmente ser honesto consigo mesmo e dizer: Não sei. Não tenho o conhecimento necessário para opinar a esse respeito.

Ou você busca informação e aprende sobre o assunto, verifica fatos e versões; ou deixe quieto e passe direto.

Que tal?

Edinei Lisboa

O que sou

Poema que rima

Um poema que rima

Como sorriso que mima

Vem como brisa, acalento

Traz conforto ao tormento

Um poema que grita

Traz a dor que transborda

É um mar que se agita

Emociona a quem o suporta

Um poema que chora

Traz o que foi embora

Leva o que não se vai

Literária lágrima que cai

Um poema que não rima

Conta o que não se exima

Algo que não combina

É veneno e vitamina

Se é poesia ou poema

Não importa o dilema

Se tem rima ou melodia

É letra, é arte; sinestesia.

Autor: Edinei Lisboa

Imagem: Google

A falta

Teria eu perdido algo meu

Sem perceber que o que perdi

Era parte de mim

Teria eu perdido um sonho

Ou num sonho me perdi

O que perdi já nem sei mais

Um pouco de mim

Um pouco de paz

O que me faz falta

E o que me falta

Se o perdi, que falta faz?

Autor: Edinei Lisboa

Imagem: Google

Feliz assim

Eu sou feliz assim: 

Posso me aborrecer e chorar, enfim, 

sem ter que dizer que não sou feliz 

só por que eu tenho que chorar. 

Eu não posso é me conformar com o que acontece por aí.

O mundo precisa mudar, 

mas só vai mudar se primeiro a gente mudar.

Eu já errei por demais. 

Perdi o que tinha valor 

e agora o que peço é perdão 

para resgatar meu amor e o meu valor 

e a minha vida de paz.

Eu não posso é me conformar com tudo de errado que já fiz. 

Eu quero é me reeducar 

para que eu possa novamente aprender a amar.

(Do livro Poesia, Prosa e Canção, de Edinei lisboa, Chiado Editora)

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